Festa da Boa Morte, na Bahia, recebe título federal por promoção da igualdade racial
Ministra da cultura participa da festa da Boa Morte na Bahia A festa da Boa Morte, patrimônio imaterial do Brasil e tradição da cidade de Cachoeira, no Recô...

Ministra da cultura participa da festa da Boa Morte na Bahia A festa da Boa Morte, patrimônio imaterial do Brasil e tradição da cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, recebeu, nesta sexta-feira (15), um título federal de promoção da igualdade racial. A honraria também foi entregue à Irmandade da Boa Morte, que está a frente da festa religiosa e é dirigida exclusivamente por mulheres negras. 📲 Clique aqui e entre no grupo do WhatsApp do g1 Bahia Com flores e trajes de gala, as mulheres da irmandade seguiram em procissão. O cortejo passou pelas ruas da cidade até chegar a Igreja Matriz, onde foi celebrada uma missa. As celebrações continuarão durante o fim de semana. Participaram das atividades desta sexta a ministra Margareth Menezes, as primeiras-damas Janja Lula da Silva e Tatiana Velloso, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Em entrevista à TV Bahia, a ministra celebrou a festa enquanto um patrimônio imaterial que mantém a viva a luta das mulheres negras. "É luta pelo reconhecimento da contribuição desta cidade, da irmandade da Boa Morte, o legado do povo negro e dessas mulheres com esse legado maravilho. Estamos aqui para prestigiar e entregar a medalha do Mérito Cultural a Dona Dalva", celebrou Margareth. Dona Dalva recebeu o prêmio do Ministério da Cultura. Ela foi reconhecida com o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), pelo legado enquanto sambadeira e liderança do grupo de samba de roda que leva o nome dela. Além disso, ela é também uma das grandes representantes da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte. Festa da Boa Morte ganha reconhecimento federal por promover igualdade racial Foto: Wuiga Rubini/GOVBA Também nesta sexta, foram anunciados pelo governo federal investimentos para a restauração de um antigo terreiro de Cachoeira e a formalização da adesão dos municípios ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR). Além disso, o Terreiro Ilê Axé Icimimó recebeu uma placa de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Tradição bissecular A Festa de Nossa Senhora da Boa Morte é uma das celebrações religiosas mais importantes da Bahia. A programação acontece todos os anos, de 13 a 17 de agosto. As mulheres negras vestidas em trajes de gala e segurando velas, repetindo o ritual iniciado por suas ancestrais há mais de 200 anos, chama a atenção de turistas, pesquisadores, historiadores e fotógrafos do mundo todo. Festa da Boa Morte é patrimônio imaterial do Brasil e mantém tradições da Irmandade da Boa Morte Foto: Wuiga Rubini/GOVBA Não há uma data precisa sobre o surgimento da irmandade. Pesquisadores apontam que os primeiros sinais do grupo são de 1810, em Salvador, a partir de mulheres escravizadas oriundas de países africanos. O grupo, que atuava para alforriar escravos, foi extinto por perseguições, que fizeram com que algumas irmãs fossem para Cachoeira, cidade que, na época, gozava de uma economia pujante. Em 1840, elas retomaram a irmandade no Recôncavo. O nome da irmandade foi escolhido porque quando os negros eram maltratados - o que era comum nos séculos passados, sempre pediam para terem uma boa morte. Muitos pediam a interseção de Maria, para morrerem bem junto a ela. Na tradição católica, o título Nossa Senhora da Glória se refere à passagem da Virgem Maria da vida terrena para o céu. Nossa Senhora da Boa Morte é chamada pelos devotos para rogar por eles na hora da morte. Apesar da relação com o catolicismo, a irmandade cultiva rituais secretos, próprios e de origem africana. As mulheres precisaram lutar para cultuar uma santa católica, sem deixar de lado a ancestralidade do povo preto. Desde 2010, a festa da Boa Morte é reconhecida como Patrimônio Imaterial da Bahia pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). LEIA TAMBÉM: Irmandade da Boa Morte: G1 conta história da festa secular do recôncavo que resiste ao tempo Juíza perpétua da Irmandade da Boa Morte morre aos 108 anos Festa da Boa Morte é patrimônio imaterial do Brasil e mantém tradições da Irmandade da Boa Morte Foto: Wuiga Rubini/GOVBA Veja mais notícias do estado no g1 Bahia Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻